Literatura e Infância

Literatura e Infância

 


 

      Até o século XVII, não se produzia textos voltados para o público infantil. As crianças conviviam com os adultos e compartilhavam, muitas vezes, os mesmos textos, as mesmas histórias. A literatura infantil foi redescoberta em nosso século, há pouco tempo, pela Psicologia Experimental, que revelou a inteligência como um elemento estruturador do universo de cada indivíduo em seu processo de construção. A partir da idade moderna, a criança passa a ser vista com um olhar especial, passa a ser entendida como uma consciência em construção, como um indivíduo em fase de descobertas e em desenvolvimento, um ser que nada ou quase nada sabe da vida, mas que aprende constantemente com os que estão a sua volta.

    Segundo Vygotsky (data) e Bakhtin (data...), o desenvolvimento da criança se dá através da interação social e, portanto, segundo Amarilha (1997), a possibilidade da criança escutar ou ler histórias pode auxiliar na promoção das suas habilidades discursivas e na assimilação de conhecimentos sobre o mundo. Para Abramovich (1993; p.23), "Ouvir histórias pode estimular o desenhar, o sair, o ficar, o pensar, o tratar, o imaginar, o brincar, o ver o livro, o escrever, o querer ouvir de novo. Afinal, tudo pode nascer de um texto." Diante dessas afirmações, é possível entender porque algumas histórias que ouvimos na infância marcam nossa vida e, muitas vezes, determinam ou influenciam nosso modo de agir e pensar, mesmo em momentos posteriores e sem que nos demos conta.

    A literatura infantil contribui para o processo de desenvolvimento da criança e constrói os valores sociais, ou seja, o senso comum na vida dos pequeninos. O poder de determinar quais valores a criança terá, está, desta forma, também nas mãos dos professores e dos pais que serão tomados como exemplos, uma vez que são as pessoas que mais apresentam valores a ela. A arte de contar histórias, portanto, implica cuidados na escolha do que se vai contar, na eleição do livro que será objeto de prazer para a criança e dará asas à sua imaginação. Cecília Meireles diz:

    "São as crianças, na verdade, que o delimitam, com a sua preferência. Costuma-se classificar como Literatura Infantil o que para elas se escreve. Seria mais acertado, talvez, assim classificar o que elas lêem com utilidade e prazer. Não haveria, pois, uma Literatura Infantil a priori, mas a posteriori. Mais do que literatura infantil existem "livros para crianças". (Ano, página)

     A literatura na infância não deve ser vista, em conclusão, somente como objeto de distração para os pequeninos, mas também como um poderoso instrumento formador do caráter e de valores de futuros cidadãos. Por isso, o ato de contar histórias deve ser valorizado e não se deve inibir o caráter criador da criança, subestimando sua opinião crítica.


Priscila Menezes

 

Fonte:

http://litinfjuv.wordpress.com/2010/03/29/artigo-linguagem-e-infancia-a-literatura-infantil-no-processo-de-desenvolvimento-da-crianca-pequena/;

infantil@graudez.com.br.